“Já tive uma experiência na minha infância com fotografia, meu irmão me ensinou a operar uma máquina depois do que vi aqui, sua exposição despertou em mim a vontade de criar, voltar a desenhar, o conhecimento, a criatividade que você não perde, vou correr atrás de um curso porque eu tenho a vontade, desperta em mim o que estava morto, isso está inserido na minha família, todos os meus irmãos são desenhistas excelentes você me ajudou muito se eu puder eu vou trazer outros companheiros de rua para ver também”, disse o morador em situação de rua Luis Ricardo dos Santos, que faz questão de enfatizar que é conhecido nas ruas como “o Mutante”.
O artista Alfredo Maffei emocionado respondeu “O prazer é meu, eu que agradeço irmão. Um relato de um resultado inesperado, ver o resultado real do trabalho acontecendo é muito gratificante”, concluiu.
Carlos Eduardo Cipriano tem 41 anos, há 10 vive nas ruas e definiu o sentimento do morador em situação de rua. “É completamente diferente às vezes pode estar em lugar que agrada, mas dentro dele tem o sentimento de uma saudade, nostalgia, ele está se enganando e sabe disso então, às vezes ele prefere estar no seu habitat natural onde consegue refletir melhor sobre o que já aconteceu na sua vida, as chances que tem de sair dali e às vezes não consegue colocar em prática devido a falta de oportunidades”. Reconhece a importância do apoio que recebeu do Centro POP “No começo eu achava o Centro Pop um depósito eu fui conhecendo o trabalho me aproximando, o morador de rua tem cisma, tem medo, um mundo que separa a visão dele entre a sociedade, comecei a perceber que a realidade é completamente diferente, as pessoas que trabalham lá a Larissa, a Roberta e a Denise, conseguem devolver a autoestima, incentivam e vai de cada um enxergar que existe um outro mundo uma outra realidade, é possível se ajudar, as portas começam a se abrir, é o único caminho, a oportunidade de conhecer um novo mundo”.
Exposição - A visita dos moradores em situação de rua atendidos pelo Centro de Referência e Atendimento à População em Situação de Rua (Centro POP) da Prefeitura a exposição aconteceu na manhã de sexta-feira (26) no Serviço de Biblioteca Prof. Dr. Sérgio Rodrigues Fontes (SVBIBL) da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP.
Durante a visita os moradores foram acompanhados pela terapeuta ocupacional do Centro POP Roberta Justel do Pinho, a assistente social Larissa Laisner Prata e as estagiárias do curso de terapia ocupacional da UFSCar.
“Os recursos artísticos, especialmente a fotografia, mobilizam a população em situação de rua, temos feito um projeto que dialoga com acesso a cultura e feito uso da fotografia como intermediador para facilitar a convivência, favorecer a expressão, promover o aumento da autoestima, experiência de inclusão cultural, social, participação, ter acesso a um espaço que normalmente não se vê ou que vê de outra forma”, destacou a terapeuta ocupacional Roberta Pinho.
O trabalho do Centro POP, localizado na Rua São Joaquim n.º 818, no centro, é feito de segunda a sexta-feira das 8 às 17h, oferece além das atividades, café da manhã, almoço e café da tarde. O trabalho é realizado por meio de parcerias com diversas instituições, como Departamento de Terapia Ocupacional da UFSCar. São atendidas em média 30 pessoas por dia. O objetivo do serviço é garantir o acesso aos direitos dos moradores em situação de rua desde a documentação civil, questões de necessidade básica, banho, lavagem de roupa, guarda de pertences, atendimento técnico multiprofissional com assistente social, psicólogo, terapeuta ocupacional até o encaminhamento para outras políticas públicas de trabalho, saúde, educação.
Alfredo Maffei explicou que envolvimento com a arte começou cedo e caminhou para o desenvolvimento artístico voltado para a arte muralista. Uma arte com cunho social que pudesse retratar emoções, as angustias, as mensagens das pessoas que eu conheci nas ruas”. Sobre a visita dos moradores em situação de rua a exposição, Maffei ressaltou que “é importante trazer as pessoas para conhecer a arte que cria o entrosamento tão necessário num momento de incertezas”.
A mostra é uma iniciativa da Comissão Organizadora da XIV Semana da Engenharia Ambiental e pode ser visitada de segunda a sexta-feira, das 8h às 22h na biblioteca da EESC no campus 1 da USP em São Carlos até o dia 15 de junho.
(26/05/2017)
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segunda-feira, 29 de maio de 2017
MORADOR EM SITUAÇÃO DE RUA QUER VOLTAR A CRIAR APÓS VISITAR EXPOSIÇÃO DE ALFREDO MAFFEI
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