quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Câmara deve instituir Comissão de Estudos para defender direitos de trabalhadores do Acampamento Capão das Antas





Em audiência pública que reuniu mais de uma centena de pessoas (22), a Câmara Municipal promoveu na tarde desta quarta-feira (22) um debate sobre o Acampamento Capão das Antas, agendado em atendimento à Comissão Permanente de Urbanização, Transportes e Habitação do Legislativo e motivado por meio de requerimento do vereador Paraná Filho (PSB). O propositor  conduziu o evento, aberto pelo  presidente da Câmara, Júlio Cesar (Democratas) e pelo vereador Leandro Guerreiro (PSB), presidente da Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação. Famílias residentes no Acampamento levaram produtos orgânicos que cultivam na área.

Ao final do encontro, Paraná Filho informou que será proposta a formação de uma Comissão de Estudos na Câmara Municipal, para tratar do tema discutido. O objetivo é mobilizar os órgãos envolvidos na questão para buscar uma solução que atenda às famílias do Acampamento. A proposta partiu do vereador João Muller (PMDB), que também sugeriu que se busque apoio de deputados para propor emenda à Medida Provisória (MP) do governo federal que trata da legislação agrária.
Estiveram presentes à audiência a procuradora municipal, Silvia Maria de Paula Nascimento; o promotor público Marco Aurélio Bernardi de Almeida, o advogado Waldemir Soares Júnior, representando a OAB e a FERAESP; o chefe da Divisão de Obtenção de Terras do INCRA-SP, Luciano da Silva,   a secretária municipal de Cidadania e Assistência Social, Graziela Solfa Marques; o secretário de Agricultura e Abastecimento, Deonir Tofolo,o diretor da Secretaria de Habitação, Alberto Engelbrecht e representantes da  CSP-Comlutas, Apeoesp e Sintufscar.

Entre os vereadores, compareceram, além de Júlio Cesar, Leandro Guerreiro e Paraná Filho, estiveram presentes Rodson Magno do Carmo, Malabim, Luis Henrique, Lucão Fernandes, Roselei Françoso, João Muller, Robertinho Mori , Roselei Françoso, Sérgio Rocha e assessores parlamentares.

Os debates foram acompanhados na sala das sessões por representantes de Acampamentos existentes em outras regiões do Estado de São Paulo.
O presidente da Câmara esclareceu no início da audiência que foram expedidos também convites  a representantes da Secretaria de Governo, Secretaria de Planejamento e Gestão, comando do 38º.Batalhão da Polícia Militar, Núcleo de Pesquisa e Extensão Rural da UFSCar e Comissão de Direitos Humanos da OAB.

PALAVRA DO INCRA - Paraná Filho afirmou que a audiência teve o objetivo de defender os direitos das famílias do Acampamento Capão das Antas, que passam por dificuldades, saúde, assistência social e segurança diante do impasse instalado há anos. Fez referência a uma ação judicial da Prefeitura e à necessidade de uma definição sobre o futuro das famílias que ali vivem. O vereador fez vários questionamentos  a autoridades presentes.

Luciano da Silva, representante do presidente do INCRA-SP, Alexandre Pereira da Silva, informou que esteve no Acampamento e ficou satisfeito com o que encontrou. Elogiou a produção e os trabalhadores, dizendo que a área tem potencial para um futuro projeto de assentimento. Segundo ele, há interesse do INCRA em adquirir a área.

A procuradora da Prefeitura, Silvia Maria de Paula, confirmou a existência de ação judicial para reintegração de posse, por se tratar de área de preservação permanente, e disse que o  tema precisa ser alvo de um debate maior. Ela lembrou que no passado existiu um TAC entre o Ministério Público, Prefeitura e Volkswagen para implantação de um parque no local.

MEIO AMBIENTE - O promotor Marco Aurélio Bernardi de Almeida assinalou que os trabalhadores, preenchidos os requisitos legais, têm direito à terra para produzir. Observou, porém, que o MP não abre mão da preservação do meio ambiente. A área em questão, segundo ele, tem limitações estando afetada como reserva legal em 74% de seu território. Defendeu que a questão deve ser debatida pelo INCRA e demais entidades. Adiantou que uma solução par ao caso passa por um ajustamento entre a Prefeitura e o INCRA, em que os trabalhadores têm o direito de ser realocados.

Waldemir Soares Júnior, da OAB e FERAESP, afirmou que as entidades defendem os trabalhadores e uma reforma agrária e que uma solução deva ser conduzida no sentido de que as famílias tenham acesso à terra. “Esse é o melhor programa social”, disse.

Graziela Solfa, secretária municipal de Cidadania e Assistência Social declarou que a secretaria realizou identificação e levantamento de famílias alojadas, atuando para atendê-las. Classificou como importante o diálogo permanente, colocando-se à disposição. Deonir Tofolo, secretário de Agricultura e Abastecimento elogiou a qualidade da produção agrícola existente no Acampamento, manifestando apoio “para que consigam crescer, aumentar a produção e atender à cidade”. Já Alberto Engelbrecht, da Secretaria da Habitação, frisou que a pasta dará suporte aos moradores após resolvidas as questões jurídicas.

TRABALHADORES - Wanda da Silva, representando as famílias do Capão das Antas, destacou a conquista da feira de produtos orgânicos e a realização de cursos para obter bons produtos. “Queremos plantar uma variedade de produtos e contribuir com a sociedade; somos trabalhadores e amamos a terra, respeitamos o meio ambiente”, disse. “Não estamos lá para destruir nada, somos pessoas de bem”. Ao solicitar ajuda das autoridades presentes, afirmou: “Camponeses não querem que o campo morra. Sem campo nenhuma cidade almoça ou janta. Reforma agrária já, o campo agradece”. Pronunciaram-se ainda Ronaldo Motta, da Apeoesp, Donizete Silva, do Sintufscar e um representante do CSP Conlutas, que reiteraram apoio às famílias do Acampamento. Em seguida pronunciaram-se vereadores presentes, com questionamentos a autoridades presentes e também defendendo uma solução para o impasse.

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