Por uma política de educação e lazer para os jovens
Fábio Felipe Jamaica*
E há que se cuidar do broto
Pra que a vida nos dê flor e fruto
(Milton Nascimento, “Coração de Estudante”)
No último dia 24 estive na Câmara Municipal de São Carlos ouvindo os relatos da população na audiência pública, presidida pelo vereador Walcinyr Bragatto (PV), que tratou do assunto referente à perturbação do sossego público" na cidade. Naquela oportunidade, prestei bastante atenção nas declarações de quase todos os envolvidos com a questão, não pedi a palavra na ocasião por conta do horário e percebi a ansiedade dos munícipes que queriam fazer seus relatos diante de todas as autoridades presentes que poderiam solucionar a questão.
Senti, no entanto, que seria relevante ali a presença de um representante da juventude para fazer um relato sobre a falta de locais públicos gratuitos de lazer em São Carlos. A meu ver, a reunião, pautada no respeito ao direito individual ou na falta dele, poderia abordar a questão da educação como base da formação do cidadão, fato que, por outro lado, me fez sentir a falta, no evento, de um representante da educação formal e informal. No meu entendimento, todo conflito relacionado com a perturbação do sossego público, que acontece há décadas na cidade, se repete porque não há a compreensão de quando começa o respeito do outro, daí a desinteligência, que às vezes tem resultado trágico.
Talvez seja o momento de refletir se não estamos colhendo resultados negativos da falta de investimento em políticas públicas para a criança e adolescente tendo como exemplo, a grande perda em recursos financeiros por conta do fechamento de alguns pontos de cultura na cidade. É um ciclo que não se fecha e vejo jovens de boa parte do bairros de São Carlos sem a devida atenção.
Sinto também a falta de ações de governo no sentido de estabelecer medidas preventivas e educativas, voltadas à orientação, formação e construção do saber de jovens cidadãos. É urgente torná-los conhecedores de direitos e deveres. A velha frase – educar hoje para não punir amanhã – é cada vez mais uma palavra de ordem.
Eu acredito - muito por ser educador -, que investir na infância é algo efetivo e compensador no futuro, evitando-se que nossas crianças se tornem jovens e depois adultos sem consciência e venham durante gerações tirar o direito de alguém.
Gostaria de citar os projetos públicos do Proerd da Polícia Militar, Cartilha da Justiça, Projeto Visite a Câmara (da Câmara Municipal de São Carlos), entre outros que a meu ver são iniciativas que diminuem a distância entre o poder público e a população e ensinam às crianças e jovens os caminhos da cidadania plena.
Diante de vários questionamentos surgidos durante a audiência pública que debateu a perturbação do sossego público na cidade, seria oportuno considerar a importância a médio e longo prazo, para toda a sociedade, do investimento na educação e em projetos de cultura e lazer para as crianças. Quando se diz que menores – alguns alunos nossos – estão incomodando, alguém precisa falar por eles. Diria mais: alguém precisa olhar por eles.
*Fábio Felipe Jamaica, Professor de Educação Física, leciona na rede municipal de educação infantil de São Carlos no Projeto:O Esporte como Instrumento de Educação